SOCIO.BIO.DIVERSIDADE - termo criado por aqueles cujo o maior sintoma de sua economia manifesta-se em recortar, fragmentar, dividir, categorizar e precificar natureza e ser humano, de modo a maximizar os lucros das propriedades privadas.
Terminologias e instituições podem parecer progressistas até que se vire a página seguinte e aqueles e aquelas que detém o poder das canetas usem-nas para assinar as cartas que autorizam a morte da terra, com tudo que nela há. Pergunto-me o que é sociobiodiversidade, então. É Alexandre da Mussuca, Wellington Quilombola, Mãe Juvani, Janete, Ananias Viana, Selma, Bárbara e muitos outros que povoam minha mente nesse momento, falas que vêm de diferentes territórios e fazem ecoar uma só luta.
O peixe, a palha, a pólvora.
A ave, o rio, as crianças.
O tamanco, o barco, o dendê.
Trabalho, cultura e ancestralidade não se distinguem e não se apartam, mas forjam identidades que se sustentam da coletividade total. Humano e mais-que-humano.
LOCALIZA AÍ - ao pisar pela primeira vez em um chão desconhecido, o que nos faz sentirmos localizados? De que forma podemos estabelecer alguma noção de onde estamos? Para alem de inquietações geográficas, localizar-se é uma relação de profundidades com as aguas, pessoas, caminhos; com os pedaços de historia de cada esquina, beco, encruzilhada. Afinal, GoogleMaps nem MapaMundi não são capazes de nos dizer para onde ir.
Esse dispositivo é meu e é seu. É para que possamos pensar um pouco a partir de nossas próprias referências o quanto somos feitos de tudo que ao redor respira.
C
A
R
T
O
.
F
O
T
O
.
G
R
A
F
A
R
ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU AO SUL
BARRAGEM PEDRA DO CAVALO - VOTORANTIM AO NORTE
O artigo 143 do capítulo III do Código infere que “Em todos os aproveitamentos
de energia hidráulica serão satisfeitas exigências acauteladoras dos interesses gerais: a) da
alimentação e das necessidades das populações ribeirinhas; b) da salubridade pública; c) da
navegação; d) da irrigação; e) da proteção contra as inundações; f) da conservação e livre
circulação do peixe; g) do escoamento e rejeição das águas”.
Dentro deste enquadramento
normativo fica explícito que a empresa Votorantim está infringindo ás normas do Código, em
particular o artigo 143, pois está colocando em risco de segurança alimentar as comunidades
do Baixo Paraguaçu, em virtude da drástica redução do pescado e mariscos.
O artigo 152 institui o direito de indenização para a população ribeirinha atingida, e
ao mesmo tempo demonstra que a ideologia estatal tem como tônica dominante a efetuação de
conversões do valor simbólico do rio e das águas a um valor essencialmente econômico
com a lei 9433/97, os comitês das
bacias hidrográficos seriam criados na tentativa de integrar os múltiplos usos da água,
fragmentados no processo mencionado.
Na época de sua implantação, a barragem foi bastante criticada em seus aspectos
técnicos e econômicos, o local escolhido foi desaprovado por vários especialistas, sobretudo
por se sobrepor a uma falha geológica, denominada falha de Maragogipe. O receio era de que
o barramento ocasionasse uma catástrofe principalmente nas cidades de São Felix e Cachoeira,
localizadas à jusante da barragem (Palma, 2007).
Impelida pela nova incumbência administrativa e principalmente mediante
mobilizações locais, a categoria “comunidades tradicionais” passa a ter existência
administrativa desde 1992 quando o Centro Nacional de Populações Tradicionais (CNPT) foi
criado como uma inovação do órgão do IBAMA (Marinho, 2012).
Experimento de pesquisa audiovisual. Um olhar reconfigurado ao território. Cultura, biodiversidade, conflitos... quantas histórias cabem em um estuário?
Me conta uma história sobre o Rio Paraguaçu?
Me manda um email em marianaisla.vo@gmail.com
ou fala direto comigo no whatsapp: 79 981597876
É uma ferramenta multidisciplinar de envolvimento territorial através das histórias que residem nas margens do Rio Paraguaçu. Envolver-se com o território do Recôncavo é aguçar os sentidos, dilatar os poros e tornar-se também a maré. A pesquisa da onde nasce o Carto.foto.grafar pretende organizar pedagogias criativas e participativas de espacialização dos conhecimentos que nos interessam através da arte. Aqui nos interessa: a defesa das águas, dos manguezais, da vida das coletividades - humanas e mais que humanas - que produzem a biodiversidade e que são por ela produzidas. Carto.foto.grafar novos mapas para trilhar novos caminhos.
Para cima, para baixo, pro lado e pro outro, essa página pode ser explorada da forma como você escolher.
2 ou 3 histórias sobre o Rio Paraguaçu
Em condição de colonialismo permanente,
velhos senhores de engenho manifestam-se
nos poderes daqueles que decidem quando o rio enche
e quando o rio seca.
onde tem casa e onde não tem
onde se pode trabalhar e onde não se pode trabalhar.
a visão eurocêntrica sobre território diz: gente e natureza são coisas distintas.
A visão eurocêntrica sobre gente preta e território diz: mercadorias.
Na contramão dessas e outras tiranias, entre Cachoeira e São Félix correm vidas que ainda correm para o rio.